O QUE É FELICIDADE PARA VOCÊ?


  • Quando iniciamos um diálogo com essa pergunta, as respostas são as mais diversas, trazendo tanto conotações positivas quanto negativas. Aquelas que são solitárias acreditam que encontrar um companheiro é a felicidade. As que são infelizes no casamento, dizem que seriam felizes se pudessem ser livres novamente. Para as que desejam ser mãe, felicidade é a própria maternidade, enquanto outras sonham com a felicidade de ver os filhos formados, crescidos e independentes. As que não têm um teto para morar, afirmam que conseguir um cantinho para ficar longe do vento e da chuva já é felicidade. Por outro lado, as que vivem de aluguel determinam que comprar sua casa própria será sua felicidade. Para as que sofrem com a doença, a saúde é uma felicidade. Para as que têm saúde e acham sempre que estão acima do peso, imaginam que a felicidade virá à medida que perderem alguns quilos. Para as que possuem dívidas, felicidade é conseguir quitá-las o quanto antes, enquanto que para as possuidoras de uma bela conta bancária, é ter tudo o que seu dinheiro consegue comprar. Felicidade, no conceito mais popular, indica o momento da conquista do objeto de desejo, aquilo que falta na vida, que as pessoas acreditam ser justamente o que lhes preencherá a vida com grande alegria. É quando conseguimos nos livrar daquilo ou daquela situação que nos incomoda ou nos faz sofrer. E, de fato, naquele instante em que o que mais se sonhou se realiza, todas se consideram realizadas, felizes, o coração palpita, seus olhos brilham e o sorriso brota naturalmente na face. 
  • Mas essa felicidade não dura para sempre, como é sonho e desejo de todas as pessoas. Dura apenas um momento, um instante. Ela por si só não se mantém, pois aquelas que encontraram seu companheiro podem sofrer com as diferenças de valores e opiniões. As que ficaram livres, podem desejar novamente encontrar sua alma gêmea. As que se tornaram mães preocupam-se em educar seus filhos e as que viram seus filhos se emanciparem sofrem de saudade. As que têm um cantinho para se abrigar sofrem por não ter o que comer. E as que compraram sua casa, agora sofrem para pagá-la. Tendo saúde, preocupam-se para mantê-la, e as que perderam o peso esforçam-se para manter seu bom humor. As que quitaram as dívidas, sofrem porque não têm tudo o que gostariam de ter e as que compram tudo são infelizes porque nunca é o bastante. Enfim, esse tipo de felicidade é passageira, pois é um estado frágil que a qualquer momento pode desmoronar ou se transformar no próprio motivo que gera a infelicidade. Essa felicidade está condicionada a fatores externos e todos sabemos que, na vida, tudo é transitório e está em contínua mudança. 
  • Esse tipo de felicidade recebe o nome de felicidade relativa no budismo. O ser humano, por sua natureza, é um ser voltado ao desenvolvimento e também é um ser que não vive isolado dos outros. Ele está constantemente em busca de aprimoramento intelectual, físico ou social, por menor que seja, comparando-se ao outro. Ele dificilmente se sente realizado, permanecendo numa mesma condição por muito tempo. E comparando com os outros a sua volta, vai renovando sua escala de valores e necessidades, constantemente, sempre partindo em busca de uma nova satisfação. Vendo pelo lado positivo, isso é o que leva o ser humano a empreender avanços, mas pelo lado negativo, cria pessoas constantemente insatisfeitas e negativas. “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”— esta é uma frase de Carl Jung, famoso psiquiatra suíço. Embora essa afirmação denote aspectos muito profundos ligados à mente humana, ela nos faz pensar um pouco na felicidade relativa. Enquanto relacionarmos a razão da nossa felicidade a fatores externos, estaremos sempre sonhando, nunca vivendo plenamente. Mas podemos dizer que, nessa mesma frase, encontramos uma outra afirmativa muito importante. “Quem olha para dentro, desperta”, ou seja, no interior de cada pessoa existe algo extraordinário para ser descoberto. E, de fato, é o único fator que pode ser manipulado apenas por nós mesmas e que não fica à mercê das inconstâncias da vida, estando sob o nosso inteiro controle. É algo que existe no interior de todas as pessoas e que não pode ser usurpado ou extirpado, apenas forjado ou aperfeiçoado, desde que percebamos a sua existência e valor. É quando despertamos para essa grande força interior que abrimos caminho para a nossa felicidade absoluta, ou seja, uma felicidade verdadeira, duradoura.
  •  O Budismo de Nitiren Daishonin elucida que todas as pessoas, independentemente de quaisquer diferenças como etnia, cor, grau de instrução, origem, situação econômica, podem, igualmente, conquistar essa felicidade, pois o único fator que a condiciona se encontra em si mesmas. Não depende de nada externo. A felicidade está em seu coração e mente, fortes o bastante para não sucumbir diante de nenhuma situação adversa. Está no coração benevolente capaz de absorver apenas o positivo dentro do negativo, que transforma o desfavorável em favorável, que encontra esperança dentro de todas as desesperanças, que constrói em meio à destruição. Nada ou ninguém atinge esse coração forte porque não permite que a situação o domine. Em relação a isso, o presidente Ikeda diz: “O importante é construir dentro do coração um palácio de alegria que nada possa abalar, um estado de vida tão límpido como o céu azul acima das tormentas, como um oásis no deserto, como uma fortaleza que observa do alto as ondas embravecidas”. (Livreto “A Felicidade Neste Mundo”, Editora Brasil Seikyo, pág. 19.)
  •  Quando edificamos esse coração inabalável dentro de nós mesmas, temos domínio sobre todas as circunstâncias mutáveis do nosso ambiente e sabemos conduzir nossa vida sempre para o autodesenvolvimento, de modo construtivo, utilizando nossa existência para o bem das pessoas e da sociedade. Como fazer para despertar essa força que existe dentro do coração e da vida de cada uma? Como fazer para fortalecer o coração e torná-lo inatingível frente a todas as oscilações da vida? As respostas para essas perguntas estão nesta frase dos escritos de Nitiren Daishonin: “Não há felicidade mais verdadeira para os seres humanos que recitar o Nam-myoho-rengue-kyo”. E nas palavras do mestre: “A felicidade não é a ausência de sofrimentos, a verdadeira felicidade encontra-se no ato de jamais ser derrotada por qualquer circunstância. A pessoa verdadeiramente feliz é aquela que atua não somente pela sua felicidade, mas pela felicidade de outras pessoas”.

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